quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Em sociedade fútil, consumir futilidade é a questão

Brasil é o maior mercado consumidor de crack do mundo O Brasil é o maior mercado mundial do crack e o segundo maior de cocaína, conforme resultado de pesquisa do Instituto Nacional de Pesquisa de Políticas Públicas do Álcool e Outras Drogas (Inpad) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Os dados do estudo - que ouviu 4,6 mil pessoas com mais de 14 anos em 149 municípios do país – foram apresentados nesta quarta-feira (5) na capital paulista. Os resultados do estudo, que tem o nome de Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad), apontam ainda que o Brasil representa 20% do consumo mundial do crack. A cocaína fumada (crack e oxi) já foi usada pelo menos uma vez por 5,6 milhões de brasileiros, representando 4% dos adultos. Os adolescentes que já experimentaram esse tipo da droga foram 442 mil, o equivalente a 3%. O levantamento do Inpad revelou também que a cocaína usada via intranasal (cheirada) é a mais comum. A pesquisa também comparou o consumo de cocaína nas regiões brasileiras em 2011. No Sudeste está concentrado o maior número de usuários, 46% deles. No Nordeste estão 27%, no Norte 10%, Centro-Oeste 10% e Sul 7%. O Brasil perdeu apenas para os Estados Unidos em número de usuários de cocaína em pó e crack no ano de 2011. Foram 2,8 milhões de consumidores no país, contra 4,1 milhões registrados pelo primeiro colocado. Segundo o médico Ronaldo Laranjeira, organizador do estudo, enquanto os países desenvolvidos diminuem o consumo da droga, os emergentes como o Brasil estão na contramão, elevando o número de usuários. “Isso mostra que temos uma rede de tráfico no Brasil inteiro que sustenta quase 3 milhões de usuários de cocaína e crack”, disse.
Apesar de o número dos usuários de crack ser inferior ao da cocaína intranasal, esse é o público que mais preocupa o médico. “É a população que tradicionalmente tem uma mortalidade maior. Com certeza, 1 milhão de usuários de crack é problema muito mais preocupante que [cerca de] 2 milhões de usuários de cocaína”, disse Laranjeira. De acordo com o estudo, 27% dos usuários dos dois tipos de cocaína – em pó, de uso nasal, e em pedra, fumada - consumiram a droga todos os dias ou ao menos duas vezes por semana, no ano passado. Quase metade (48%) foi identificada como dependente químico, mas apenas 30% deles disseram ter a intenção de interromper o uso. Outro ponto preocupante abordado pelo relatório foi a idade de iniciação. Os usuários que experimentaram cocaína antes dos 18 anos de idade são quase metade (45%). Além da iniciação precoce, o acesso à droga também é facilitado, pois 78% deles consideraram fácil encontrar o produto. Para Laranjeira, o alto índice de usuários do Nordeste (25%) mostra que a melhora das condições sociais da região tenha trazido como consequência o aumento do consumo de cocaína e crack. Tribuna da Bahia 05/09/2012

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